segunda-feira, 30 de maio de 2011

Curiosidades:


·     A língua gestual é "universal"?
Não. Cada país, por vezes cada região, tem uma língua gestual própria, testemunha de uma cultura e dos modos de vida que são exclusivos da comunidade surda desse país ou região.

·     É possível exprimir um pensamento totalmente abstracto na língua gestual?
Sim. Do mesmo modo que nas línguas orais.

·     É difícil aprender a língua gestual?
As pessoas ouvintes não estão habituadas a exprimirem-se numa base totalmente visual, nem de utilizarem as mãos e o corpo para tal. No entanto o nível de dificuldade depende igualmente das capacidades de cada pessoa.

·     Os surdos "soletram" todas as palavras para comunicar?
Nem todas. Os surdos utilizam os gestos que são as imagens simbólicas dos conceitos exprimidos. É o conjunto dos parâmetros do gesto assim como a expressão da face e o movimento do corpo que criam uma imagem precisa da ideia exprimida. No entanto há palavras que por serem pouco usuais ou muito específicas necessitam de ser soletradas.

·     Como se chama a língua gestual em Portugal?
Chama-se língua gestual Portuguesa, abreviadamente designada por LGP.
Erroneamente ainda há muitas pessoas que continuam a designá-la só por linguagem gestual.

·     Que diferença existe entre a língua gestual Portuguesa e o Português gestual?
A língua gestual Portuguesa é uma verdadeira língua com um léxico e uma gramática próprios. É a comunicação das pessoas surdas, cada língua gestual é portadora da cultura das pessoas que a utilizam. O Português gestual é um método deturpado de comunicação que utiliza o vocabulário da língua gestual Portuguesa numa estrutura gramatical e numa ordem pertencente à língua oral Portuguesa. Serve unicamente para mostrar a ordem dos gestos numa frase em Português mas não transmite de maneira válida o pensamento de alguém, visto não respeitar as regras gramaticais da língua gestual Portuguesa e a necessidade duma lógica visual.

·     Existe um gesto para cada palavra em Português?
Como nas línguas orais, a língua gestual tem por vezes várias traduções diferentes (segundo os sentidos) para uma palavra de Português ou, ao inverso, um só gesto permite traduzir várias palavras de Português.

Surdos não se podem confessar

“Em Portugal, os surdos são automaticamente excluídos da vida religiosa devido à inexistência de intérpretes nas igrejas ou de padres que saibam língua gestual portuguesa, alertou Adalberto Fernandes, do Instituto Nacional para a Reabilitação (INR).
Confessar-se perante um padre ou perceber a mensagem religiosa transmitida através de uma missa são coisas fisicamente impossíveis para pessoas com deficiências ao nível da surdez.
"Muita gente ainda não se apercebeu que estas pessoas também têm direito à vida religiosa", lamentou Adalberto Fernandes num seminário subordinado ao tema ‘Pela Diversidade, Contra a Discriminação’, que decorreu em Lisboa.”

(Notícia do Correio da Manhã)

Sinais

"Os sinais formam-se a partir do acordo, da forma e do movimento das mãos. Nas línguas onde se usam sinas, podemos encontrar os seguintes parâmetros que formam os sinais:

Configuração das mãos: são formas das mãos, que podem ser dadas através do alfabeto manual ou outras formas feitas pela mão predominante, ou pelas duas mãos. Por exemplo: os sinais desculpar, evitar, e ideia, possuem a mesma configuração de mão (com a letra y), a única diferença entre elas é que cada uma é produzida num ponto diferente no corpo.

Ponto de articulação: é o local onde é feito o sinal, podendo tocar em alguma parte do corpo ou estar num espaço neutro.

Movimento: alguns sinais podem ter movimento. Por exemplo: os sinais pensar, em-pé não tem movimento; já os sinais evitar e trabalhar contem movimento.

Expressão facial e/ou corporal: as expressões faciais e corporais tem um papel fundamental para o entendimento real do sinal, visto que a melodia em Língua de Sinais é toda feita pela expressão facial.

Orientação/Direcção: os sinais têm uma direcção com relação aos parâmetros a cima indicados. Deste modo, os verbos ir e vir opõem-se em relação à orientação."

As mãos como linguagem: cegos, surdos e mudos


"Aprender uma língua não é apenas uma mera questão de memorizar palavras e frases individuais. De acordo com o professor de Harvard e o linguista Steven Pinker, de partes de palavras, de acordo com as regras. No inicio da sua obra, “O material do pensamento”, ele diz: “A linguagem é a janela para a natureza humana, que expõe características profundas e universais dos nossos pensamentos e sentimentos. Os pensamentos e sentimentos não podem ser equacionados aos sentimentos propriamente ditos”.

Mas apesar de todas as potencialidades da linguagem, existem também zonas nas quais é inapropriada ou deficiente, essencialmente num relacionamento comum (de acordo com os tipos de relacionamentos reconhecidos pelo antropólogo Alan Fikke). A ideia de incomunicabilidade pode muitas vezes assustar e esse sentimento é compartilhado pelos deficientes.
Os surdos, os cegos e os mudos são obrigados a desenvolverem linguagem específica, de forma a poderem superar as suas dificuldades de comunicação, eles criam e recriam códigos. Uma das novas formas de um mudo ler e ver o mundo, é por exemplo na palma das suas mãos."